22 junho 2014

Palavras #53

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sa-cool



Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem.


Sophia de Mello Breyner Andresen


16 junho 2014

Incapacidade expressiva #16


"Talvez as viagens, todas as viagens, se façam principalmente pelo lado de dentro. Talvez, quem sabe?, o viajante, procurando um mundo, caminhe sempre de regresso a casa.

(...)

Talvez quem um dia partiu esteja, afinal, ainda à porta de casa, hesitante, acenando. Ou talvez ninguém verdadeiramente parta e fique parado para sempre ao fundo da rua, voltando-se para trás. Ou então talvez as viagens, todas as viagens, sejam um longo caminho para regressarmos a algum lugar interior e essencial de onde não se pode sair."


Manuel António Pina




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Estói


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Ponta da Piedade



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Paderne



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Cacela-a-Velha



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Porto de Mós (Lagos)

13 junho 2014

Carta a Alice #12



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Vejo-te lá ao fundo, sabes? A brincar com o teu pai, neste fim de tarde, neste fim de dia bonito, com esta luz tão luminosa e quente.

Paro. Pestanejo. Recuo um pouco. Respiro fundo. Volto à realidade.

A luz está lá, mas tu não. Engulo em seco e meço a distância que existe entre o que desejava e o que tenho. É grande. São uns bons metros que tenho de percorrer todos os dias à tua procura. E cada dia que passa são feitos de uma forma mais suave.

Por vezes (muitas vezes) permito-me estes devaneios, dou espaço a estas alucinações de ti, sobre ti. Ajudam no percurso. Dão-te o corpo e o sopro no coração que não tens, mas que me alimentam o caminho. 

O caminho até lá ao fundo, naquela luz quente, onde brincas com o teu pai.


Desencadeador de memórias # 2



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11 junho 2014

Do que constrói as nossas madrugadas (dias) #13





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Aquilo que somos ainda não aconteceu.

S. João Evangelista


04 junho 2014

Desencadeador de memórias #1



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[de Carrazedo de Montenegro]

01 junho 2014

Carta a Alice #11


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"Sinto que há uma estranha eternidade naquilo que amamos e foi destruído."

Al Berto 



Os meses vão-se fechando. Um atrás do outro. Vão-se adicionando e acumulando minutos, horas e dias nas nossas vidas e, no entanto, tu permaneces a mesma, imutável. Nada muda em ti: a tua feição é a mesma, o teu peso não sai dos 4,100 kg, o teu pé não cresceu mais que os 8 cm perfeitos e nunca serás mais alta que os 56 cm (exactamente menos um metro que eu, reparo agora). 
E parece-me injusto esta coisa do tempo passar por ti e nada te acrescentar. 

Acrescenta em nós. Cabelos brancos, rugas, alguma tristeza mais profunda. E camadas, muitas camadas de vida regular. Vivo hoje bem com essas camadas, percebi que consigo chegar sempre que quero. Lá, a ti, à dor da tua perda, mas principalmente chegar àquele sentimento único, imutável (assim como tu) da alegria e felicidade que foi o encontro contigo. 

Foi-me desconcertante (há momentos em que ainda o é) acolher essa felicidade, acomodá-la, mesmo sabendo que não ficarias, sabendo-te morta. Necessitou de trabalho, de alguma insanidade, para perceber que conhecer-te teria de ser sempre o momento feliz. E será sempre aquele onde posso regressar, quando mais um mês se fechar e "um rasgão no peito, uma saudade de mim" (de ti) me tomarem de assalto. voltarei, a ti.



I had a secret meeting in the basement of my brain