25 abril 2007

A Fragata *

Foto de Alfredo Cunha - publicada na edição d'O Século Ilustrado de 27 Abril 1974

Faz hoje 33 anos que o teu pai ia morrendo naquele barco!
Todos os dias vinte e cinco de Abril a minha avó repete esta frase, acrescentando mais um ano, de acordo com o passar do tempo.

Se eles tivessem disparado não sei o que teria acontecido, provavelmente vocês não existiriam. Aqueles tanques no Cristo Rei e no Terreiro do Paço…
E desta forma começa mais uma lição de história, uma lição na primeira pessoa que prende e cativa. Fico absorvida como se estivesse a ler um livro extraordinário ou a ver um filme belíssimo. Ouvir o relato de alguém que esteve no meio da Revolução, por mais diminuto que tenha sido o seu papel, é como fazer uma viagem no tempo. Daquelas viagens que ensinam e nos fazem gostar e apaixonar pela história. Que nos fazem sentir como era viver sem liberdade e como aqueles momentos foram/são da maior importância. É uma viagem no tempo que ajuda a que não se esqueça, para que a memória não de desvaneça. É uma viagem no tempo que me ensinou a saborear e a dar valor àquele momento em que um papel dobrado em quatro é colocado na urna.

*um relato objectivo deste pequeno pedaço de história


"Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substancia do tempo."

Sophia de Mello Breyner Andresen




Foto de Eduardo Gageiro publicada na edição d' O Século Ilustrado a 04 de Maio de 1974

24 abril 2007

Em 1913 ele já sonhava com a Revolução

Menina dos Cravos - Amadeo de Souza Cardoso

18 abril 2007

Descoberta 2 em 1



The Awakening - featuring Ursula Rucker, taken from the 4hero album 'Play With The Changes'

16 abril 2007

Palavras #14

Cupid Complaining to Venus - Lucas Cranach the Elder

" (...) davam-me muito que pensar sobretudo porque tomava consciência da minha situação de priveligiado em relação a quase tudo o que acontece na terra. Mas não era só eu, somos todos os que vivemos neste Ocidente que se tornou a ambição do resto do mundo. No entanto, olho à minha volta, vejo tudo insatisfeito. Porquê? Conheci um velho juiz que estava quase completamente surdo, no tempo em que os aparelhos de surdez ainda não eram comuns. Ele continuava a frequentar cafés e tertúlias e uma vez perguntei-lhe como é que ele entrava nas conversas. Ele dizia-me: «É muito fácil. Eles falam, falam, eu não os percebo, mas digo-lhes sempre: "Ó homem, não faça caso, deixe lá, não faça caso..." É que eles estão-se sempre a queixar!» (...) Pergunto-me porque será que o homem, à medida que melhor vive, mais tem que assumir esta sua condição queixosa, sem se dar conta dos privilégios que tem."

in O Tecido do Outono - António Alçada Baptista

02 abril 2007

Força da Natureza



"Mas muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais"


Muito Pouco - Maria Rita